segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Ao meu Caro Amigo Mário Carta,

Memórias de um coração (2005)


Preciso urgente de um destruidor de memórias,
Se acaso me fosse possível.
Segue abaixo a lista requisitada:

Começaria apagando
Um restaurante indiano em dia de chuva,
Um beijo assustado, e o olhar azulado.

Continuaria por apagar
A colcha azul com estrelas,
Os sorrisos de orelha a orelha.

Seguiria derretendo as velas,
Desligando o som,
E fechando para sempre a dita janela.

Esqueceria a panqueca azarada,
As notas tocadas,
E as respostas erradas.

As muitas investidas contra o teclado,
O travesseiro em meio à noite roubado,
O eu te amo sussurrado.

As despedidas demoradas,
A saudade encarcerada,
Entre tantas, a madrugada.

E depois de tudo apagado,
Peço somente que as enterre em cova rasa,
Sem cerimônia, nem nada.

Dizendo somente:
“Memórias apagadas.”

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