sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O ÓDIO HUMANO

Eu não costumo odiar as pessoas, sinceramente. No trato diário, ás vezes me irrita um motorista desatento, um engarrafamento, ou aguardar atendimento médico, mas odiar? Odiar não. Odiar é demais, ninguém merece tamanha energia negativa em sua direção.
Outro ponto que não me permite odiar as pessoas, é porque as circunstâncias de uma crise, muitas vezes são farsantes, e com tantos fatores envolvidos, que em outra situação, quem sabe eu mesma não agiria de tal maneira.
Enfim, não faz parte de mim, dos meus princípios, da minha maneira de entender que amar é muito mais meu estilo.
Mas eu sou humana, francamente humana, e hoje com todas as minhas forças eu odeio uma pessoa.
Odeio a idéia que criei sobre ela
Odeio tê-la conhecido
Odeio sua maneira de falar
Odeio sua consideração
Odeio sua educação
Odeio sua Política da boa vizinhança
Odeio sua omissão
Odeio sua calma
Odeio por não conseguir esquecer
Odeio porque já me esqueceu
Odeio porque deixou de me amar
Odeio por fingir se importar
Odeio por me deixar suspensa tanto tempo
Odeio porque me deu parabéns atrasado
Odeio por me fazer escrever esse texto
Me odeio por não conseguir realmente odiar.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

MIGUEL



(Monumento aos Mortos. Père Lachaise- Paris. Março 2011)

Eu te inventei naquela ilha,
Que em junho, sem sol
Somente dentro do quarto calor havia.
E durante meses e meses
Dentro de mim, pequenino
Você crescia ...
Anunciado, trouxe festa
E não tinha lugar pra medo
De tanta alegria.
Só contigo eu não fui sozinha
Comigo você leu Sartre, Jean Genet e Kerouac
Subiu aos palcos, ensaiou e estreiou...
E eu me sentia mais bonita que a Lua
Cheia, calma e tranquila.
Mal sabia que minha felicidade
Sufocou teu grito
E em silêncio você partiu sozinho.
E pelo corredor, naquela madrugada
17 choros ecoaram vida
E nenhum deles devolvia a minha
E assim, voltei a ser sozinha,
Carregando pra sempre seu peso invisível.

sábado, 29 de outubro de 2011

Preciso de um refrão...

Pare de me olhar assim Garoto,
Você não me conhece.
Porque eu tenho o diabo no corpo,
E se eu pego fogo,
O teu Deus já não te protege.

Só porque não sou de ação,
Não quer dizer que não tenho movimento.
E se minh'alma arde até os ossos,
Eu não me controlo, não guardo o gozo pra dentro.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Não é favor...

Gosto de quem fala de amor sem medo.
O mundo evoluiu tanto, e continua tão inseguro de tudo.
O amor artificial é tendência, não precisa do básico, só do supérfluo.
É preciso combinar, gostar das mesmas coisas, ser referência, ter exatamente os mesmos amigos, usar o mesmo tipo de jeans e a mesma armação nos óculos. Senão? Senão não.
Cadê aquele amor que gera briga???? Que muda opiniões, que amplia e não restringe. Que faz odiar tudo no outro e mesmo assim continuar amando-o.
Cadê aquelas pessoas ridiculamente apaixonadas???? Que vão à lugares que jamais iriam sozinhas, só pra estar lá, segurar sua mão e dizer que nem é tão ruim assim.
Agora, Parece-me que o Amor tem de fazer sentido, caso contrário, será ridículo. Mas não é isso que o AMOR deveria ser?
Cansei desse amor moderno, eu queria ver aquele amor piegas, brega, nonsense ... Ver a fragilidade dos meus amigos... A incoerência ...

domingo, 10 de julho de 2011

Bem assim...

Você nem me conhece, mas ontem à noite eu decidi que quero viver contigo. Você talvez nunca tenha me visto. Eu não sou moderna, nem vanguardista, não uso calça skine e nem tenho um corte de cabelo transado, eu não frequento os bares da moda, nem academias, e nem sou tão interessante. Mas eu acho que você pode gostar de mim... pois eu tive uma idéia genial... Não viveríamos numa casa de subúrbio com tudo novo, sob medida, ganhos de uma lista de casamento deixada no Ponto Frio... Penso num apê antigo, onde colocaríamos em harmonia os nossos móveis velhos que não combinam... Talheres que não são pares e várias taças sortidas sobreviventes únicas de conjuntos quebrados em noites de alegria. Eu até seria menos possessiva e deixaria espaço nas minhas prateleiras para os livros seus e até cuidaria deles como se fossem meus... Com tudo eu uniria as nossas playlists, e os nossos vídeos antigos... Então decidiríamos como seria nosso café preferido, se forte, se fraco, se açucar, se adoçante e você me ensinaria a fazer o ovo do jeito que você gosta e eu te contaria que o meu preferido é quente mas não cozido, com sal e pimenta do reino... Que eu prefiro os vinhos chilenos aos argentinos, que eu não resisto quando tocam na minha barriga e que as vezes quando faço amor eu posso chorar... Eu me abriria sem idealização... Só com verdade, de verdade. Eu te deixaria escolher o lado da cama, se você lembrasse d'aguar as minhas plantas, e eu não iria mais no Cine luz sozinha e nem teria mais tantas cobertas na cama, e todos os dias antes de dormir nós iríamos conversar baixinho no escuro, como que em segredo... E a gente viveria junto, levaria o lixo na rua, faria lista do mercado e eu opinaria sobre os seus escritos e você criticaria meus estudos... E alguns dias eu ficaria sem falar com você, mas de noite sem preceber eu te abraçaria e fariamos amor ao acordar.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Manque.




Ser estrangeiro é...
Não fazer parte, ter o corpo expandido e
Não poder expressar,
Não é só a língua,
Você pode
Pedir água, comida, banheiro e mesmo assim
Você continua analfabeto,
Sem afeto,
É o pensamento vivo que não se entende,
A herança histórica-social que não possui,
Não é só a gíria,
É o sentido,
Não é só o sentido, é o senso.
Agora mais que nunca,
Minha única arma de comunicação,
São os olhos...
Não Les Yeux, mas os olhos.
São os olhos com os quais
Eu aprendi a ver em outro lugar...

domingo, 20 de março de 2011

Pére Lachaise


"Achar-se situada à margem do mundo não é posição favorável para quem quer recriá-lo." Simone de Beauvoir

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Projeto PHOTO PERFORMANCE- A MÁSCARA



Foto: BRUNA ASSAGRA

J'attends

Lixeira /sem lixo /cheira bem
Fogo apagado/ é mais seguro
Cama arrumada/ casa desabitada
louça lavada/
Cinzeiro limpo/
Taças inteiras/
Garrafas fechadas/
Quem será que não vive aqui?