segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Bárbara



BÁRBARA. Assim como seu nome tinha toda coragem e excesso nas veias. Mulher feita. Na verdade, desfeita e refeita muitas vezes. Não tivera amores dóceis. Bárbara tinha todo tipo de cicatrizes na alma. Daquelas que verdadeiramente doem por anos. Cicatrizes verticais platônicas. Cicatrizes transversais mal resolvidas. Cicatrizes horizontais gigantes, e outras, nem tanto. Trapezista aposentada, passava os dias a costurar figurinos. Bordava lantejoulas, enfeitava com contas, pregava fitas brilhantes, de maneira que os dias de Bárbara eram cercados de cores, brilhos e fucsias. Divergia seu cotidiano da estética da alegria com a sua vida limitada aos tons de cinza.

3 comentários:

Otávio disse...

talvez q a escuridão seja pior q essa luz cinza

líria porto disse...

rebeldia
líria porto

quanto mais livre um artista
quão mais difícil é detê-lo

contê-lo dentro dos cinzas
sem que se sinta à cadeia

*
besos e obrigada pela visita ao meu blog!

Nara disse...

me lembrou aquela música que a Elza Soares canta.

Flores Horizontais,
flores da vida
flores brancas de papel,
da vida rubra de bordel,
flores da vida
afogadas nas janelas do luar
carbonizadas de remédios, tapas, pontapés,
escuras flores puras, putas, suicidas, sentimentais.
Flores horizontais.
Que rezais?


Com Deus me deito.
Com Deus me levanto.


gostei da personagem