terça-feira, 18 de setembro de 2012

Em suma



Eu gosto de você,

Escafandro da razão pura,

Eu só não encontrei ainda,

Espaço, pra adentrar na tua armadura.



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Votre Nom.

Allez, déchirer ma peau,
Pénètre dans mes pores,
Et voir si votre nom est gravé dans ma chair.
Regarde mon corps sacré,
Des traces de votre éternité,
Et mixer votre existence,
Avec ma vie.

S.P.

Na Floresta de rochas secas e inférteis,
Habitam animais devoradores de carniça.
Monolitos de pedras foscas,
Minimamente simétricas,
Inabitada quando sem foco,
Superpopulada quando em face.
Adapta o caldeirão
de tudo que não é adaptável.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Das Bagagens

A história da gente é como uma porção de malas que vamos preenchendo ao longo da vida. Sabe no desembarque do aeroporto? Na esteira de bagagens? Quando dá uma vontade de deixar as nossas, e sair correndo com a mala dos outros? O fardo de ser o que é, com toda a intensidade que isso requer, nem sempre é suave.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Sobre o poço 84.482

De toda urgência desse mundo. Eu não possuo sequer uma. A calmaria dos desacreditados sem futuro já chegou ao meu leito. Eu só escuto o passar dos carros em uníssono com o passar dos dias. E no ofício, por mais rotineiro, a única alternância de tom do dia. Eu não ultrapasso os carros, isso é pra quem tem ânsia, ou pressa. Nada me aflige, a não ser... A espera.

sexta-feira, 23 de março de 2012

SOBRE O POÇO 38746

Anestesiai-me, para que eu não sinta a dor que não me pertence.
Já me basta o quinhão de doer tudo em demasia, não me deixe triste por simpatia.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sobre o poço II

É difícil reconhecer que se é uma bússola sem norte, uma arma sem pólvora, um rasgo sem corte. A caneta sem tinta que cansou de escrever, os tornozelos sem pés que cansaram de dançar. Sobre a mesa um questionário sem nome, um endereço sem número e se vivo é só um golpe de sorte. Sob um domo cruel, que não me deixa ver nem sentir nada.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Sobre o poço.



Mae West por Salvador Dalí.

A vida quase sempre parece um jogo de acomodação. As mudanças acontecem, algumas contornamos com facilidade, e as que não conseguimos superar, geram dor e frustração, e enquanto você não se Acomoda à ela... ela dói. Eu luto à não me acomodar, mas é difícil quando as paredes do poço não cedem. E não me venham com filosofias orientais de superação e auto-ajuda, o otimismo hoje não me serve.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O ÓDIO HUMANO

Eu não costumo odiar as pessoas, sinceramente. No trato diário, ás vezes me irrita um motorista desatento, um engarrafamento, ou aguardar atendimento médico, mas odiar? Odiar não. Odiar é demais, ninguém merece tamanha energia negativa em sua direção.
Outro ponto que não me permite odiar as pessoas, é porque as circunstâncias de uma crise, muitas vezes são farsantes, e com tantos fatores envolvidos, que em outra situação, quem sabe eu mesma não agiria de tal maneira.
Enfim, não faz parte de mim, dos meus princípios, da minha maneira de entender que amar é muito mais meu estilo.
Mas eu sou humana, francamente humana, e hoje com todas as minhas forças eu odeio uma pessoa.
Odeio a idéia que criei sobre ela
Odeio tê-la conhecido
Odeio sua maneira de falar
Odeio sua consideração
Odeio sua educação
Odeio sua Política da boa vizinhança
Odeio sua omissão
Odeio sua calma
Odeio por não conseguir esquecer
Odeio porque já me esqueceu
Odeio porque deixou de me amar
Odeio por fingir se importar
Odeio por me deixar suspensa tanto tempo
Odeio porque me deu parabéns atrasado
Odeio por me fazer escrever esse texto
Me odeio por não conseguir realmente odiar.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

MIGUEL



(Monumento aos Mortos. Père Lachaise- Paris. Março 2011)

Eu te inventei naquela ilha,
Que em junho, sem sol
Somente dentro do quarto calor havia.
E durante meses e meses
Dentro de mim, pequenino
Você crescia ...
Anunciado, trouxe festa
E não tinha lugar pra medo
De tanta alegria.
Só contigo eu não fui sozinha
Comigo você leu Sartre, Jean Genet e Kerouac
Subiu aos palcos, ensaiou e estreiou...
E eu me sentia mais bonita que a Lua
Cheia, calma e tranquila.
Mal sabia que minha felicidade
Sufocou teu grito
E em silêncio você partiu sozinho.
E pelo corredor, naquela madrugada
17 choros ecoaram vida
E nenhum deles devolvia a minha
E assim, voltei a ser sozinha,
Carregando pra sempre seu peso invisível.